segunda-feira, 2 de maio de 2011

Pescado nas redes sociais

Marcus Vinicius

Lembro bem quando conheci o Orkut: um belo dia, uma amiga vira pra mim e diz "olha só esse link". Minha primeira dúvida foi: pra que serve isso? Mais ou menos como no dia em que me apresentaram o Twitter.
Mas não demorou muito pra que eu fosse engolfado por aquele tsunami de amigos de infância, ex-namoradas, primos que mudaram do país, todas as turmas de todos os colégios que eu já frequentei. Era o paraíso de qualquer stalker, os álbuns ainda não tinham opção de privacidade e todo mundo lia os recados de todo mundo, ou seja, em coisa de 12 horas você sabia até os horários em que a pessoa ia ao banheiro.

Pude ver ainda como as meninas da minha turma viraram mães de família iguais às que as iam buscar na porta do colégio e como só quem não ficou igual a mãe foi a filha da professora de Educação Física, que era gostosíssima. Um monte de namoros começaram ali. Alguns pares de cornos também podem ser creditados ao Orkut.

Mas confesso que até hoje não ficou bem clara a sua função, já que todo mundo que você "perdeu contato" talvez não fosse tão útil ou importante assim no sentido da sua vida, do contrário você não teria perdido contato. Como não creio que participar de comunidades como "Olho o cocô antes de dar descarga" ou "Vou, vomito e volto" possa ser considerado como utilidade, concluo que o Orkut era (é) inútil mesmo.

O Facebook e o Twitter vieram para confirmar isso, ainda que com um pouco mais de glamour, já que também não entendo muito onde o destino da humanidade será afetado porque a mãe da @JujuBieber desistiu de fazer brigadeiro ou porque o @MarcioAdv finalmente terminou de digitar sua petição.


Correndo por fora tem o Badoo (que manda 20 mensagens de Spam por dia, ficando bem claro porque seu nome rima com "vai tomar no..."), o My Space(que anda meio esquecido) o LinkedIn, que é uma espécie de entrevista de emprego misturada com site de encontros (ou vice-versa) e outras menos concorridas e com nomes esquisitos.

Seja qual for a sua rede social, a verdade é que isso vicia mais do que álcool e cocaína juntos. Em "Admirável Mundo Novo", Aldous Huxley criou uma droga chamada "soma", que mantinha todo mundo meio em transe, meio doidão. As redes sociais parecem ser o nosso "soma".

Basta olhar em volta e entender isso. Muita gente não as usa mais para documentar a vida e sim usa a vida para criar assunto para documentar nelas.

Todo mundo precisa ser meio chique, meio engraçadinho, meio despojado. O tempo todo.

Seja no supermercado, indo comprar margarina mas tirando foto na sessão de vinhos importados pra colocar no álbum do Facebook, ou diante de uma colisão entre uma betoneira e um caminhão pipa, tentando inventar correndo uma piada sobre o acidente para postar no Twitter - "Acidente na Rio-Santos, betoneira e caminhão pipa: concreto de graça pra todo mundo! - chega uma hora que o sujeito necessita uma desintoxicação.

Não digo algo radical demais, como viajar para uma ilha deserta e ficar ali isolado igual o Tom Hanks no "Náufrago", mas talvez tentar encontrar com os amigos sem falar em computador ou incluir na conversa qualquer uma das seguintes palavras: "You Tube", "baixar", "internet", "comunidade", "link", "tuitada", "msn" e "email".

O problema é não te sobrar muito assunto ou muitos amigos depois disso, ou então você terminar a experiência sofrendo de delirium tremens, correndo pelado por aí e parando num desses sites de vídeos caseiros, estilo "Caiu na Net"

domingo, 24 de abril de 2011

É, EU NÃO PRESTO!

Jô Soares

O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!
É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Tem automóvel, chora de "barriga cheia'.
Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta ao colégio, é um 'caxias'.
Precisa faltar, é um 'turista'.
Conversa com os outros professores, está 'malhando' os alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama a atenção, é um grosso.
Não chama a atenção, não sabe se impor.
A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as chances do aluno.
Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala corretamente, ninguém entende.
Fala a 'língua' do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.
O aluno é reprovado, é perseguição.
O aluno é aprovado, deu 'mole'.
É, o professor está sempre errado, mas, se conseguiu ler até aqui,
agradeça a ele!